Está cada vez mais comum o uso de biofertilizante entre os colecionadores e produtores de orquídeas pelo mundo. Este biofertilizante, mais conhecido como Bokashi, é de uso milenar na Ásia. Os introdutores desta técnica no Brasil vieram com os primeiros imigrantes japoneses.
O Bokashi nada mais é do que farelos agregados a outros componentes orgânicos fermentados ou pré-fermentados. Este material libera nutrientes para as plantas, principalmente, pela degradação realizada por microorganismos benéficos.
Dependendo dos materiais que se tenha à disposição, pode-se produzir um adubo muito eficiente no cultivo de qualquer tipo de planta, desde espécies de hortas até mesmo aquelas mais sensíveis como orquídeas.
Entender o biofertilizante deve ser o primeiro passo para obter bons resultados. O Bokashi precisa ser encarado como um composto "vivo", pois contém centenas de espécies de fungos, bactérias, actinomicetes, entre outros microorganismos junto aos farelos e outros materiais.
Pode-se comparar o Bokashi com aqueles "potinhos" de leite fermentado com lactobacilos, encontrado no comércio. Eles não servem somente como alimento, mas também controlam o nosso trato intestinal com bactérias benéficas, proporcionando o bom funcionamento do intestino.
O composto necessita dos microorganismos benéficos para a sua função e estes microorganismos deste composto. Este é o Bokashi.
Não existe a possibilidade do uso de fungicidas ou bactericidas em plantas "adubadas" com o Bokashi, pois eles agirão contra os microorganismos presentes. A adubação química em conjunto também pode prejudicar o bom funcionamento desse biofertilizante, pois ele pode, como os fungicidas, eliminar boa parte dos microorganismos benéficos. Passar esta visão aos produtores e colecionadores de orquídeas é a missão mais difícil.
Além da vantagem do Bokashi como biofertilizante, pode-se também mencionar a sobre vantagem de sua durabilidade. Como os microorganismos é que irão liberar os nutrientes, com o seu crescimento no Bokashi, na verdade, eles também liberarão boa parte dos nutrientes para as plantas. Dependendo dos compostos na mistura, já se consegue Bokashi agindo continuadamente por até quatro meses.
Mas a grande vantagem conseguida pelo seu uso é a proteção extra dada pelos microorganismos presentes. Eles são antagônicos a muitos outros microorganismos causadores de doenças nas plantas, isto é, aqueles presentes no Bokashi inibem o desenvolvimento de fungos e bactérias. Doenças como a podridão – negra e murcha dos bulbos não são encontradas em plantas adubadas com Bokashi.
Composição do bokashi tradicional
50% farelo de arroz; 20% farelo de mamona ou de soja; 15 % casca de arroz; 10% farelo de trigo; 03% farinha de osso; 02% farinha de peixe.
•Roberto Jun Takane é engenheiro agrônomo, professor da Faculdade Cantareira, coordenador de projetos ligados à floricultura pela mesma entidade e produtor de flores, em Atibaia, SP. Contatos: (11) 6090-5900 e takane@cantareira.br.
Texto retirado da revista “Cultivando orquídeas”